Não sei se reconforta ou entristece, mas não é só aqui no Brasil que dinheiro garante privilégios na prisão: Paris Hilton, presa por violar os termos de sua condicional, irá cumprir apenas metade da pena a que foi condenada. Consola que não seja só aqui, mas enraivece que dinheiro seja um passaporte para passar por cima de tudo, inclusive da justiça, que deveria ser cega ao brilho do vil metal.
Soltar balões coloca em risco a vida e o patrimõnio de pessoas. >Esta madrugada a queda de um balão incendiou parte do Centro Cultural São Paulo e parte do complexo está fechado para o público. Ou seja, por conta da irresponsabilidade de alguns, parte da população de São Paulo, carente de lazer e cultura a baixo [ou nenhum] preço, fica sem um espaço que fornecia justamente isto.
Soltar balões, jogar lixo na rua, parar o carro em fila dupla são exemplos de atitudes de quem não pratica o exercício da cidadania.
Clarice está entre aqueles escritores cuja poesia se esconde nas palavras em prosa. E com poemas em prosa quem precisa de outro tipo de poesia?
Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que por admiração se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles. Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque - a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras - e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração. Como eles admiravam estarem juntos! Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto. No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram. Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por não estarem mais distraídos.
[Por não estarem distraídos, Clarice Lispector]
Que a gente jamais perca a distração.
O Brasil é um país de grandes contrastes até onde não precisa ser: na semana que o papa nos visita o MASP abre uma exposição sobre Darwnin. Darwin, ou antes suas idéias sobre evolução e seleção natural, são inimigas da Igreja, que defende que nada evolui, que tudo neste planeta está exatamente do jeito que Deus fez.
Bento XVI foi embora do Brasil deixando a certeza que não tem o mesmo carisma de seu antecessor, João Paulo II. Ratzinger atirou para tudo quanto foi lado, não poupando até quem foi gentil com ele, como a mídia. E ainda disse que capitalismo e marxismo fracassaram. Tá se ambos não prestam, o que sobra? A terceira via de Tony Blair que deixa seu cargo em junho?
Hoje eu virei para minha mãe é disse: aproveita bem hoje que dia das mães é um dia só!
Hohoho! Nem no dia das mães eu deixo de encher a minha genitora! ;)