Steve Jobs não era um gênio da criação de produtos, de fato ela não criou nada novo: computadores, notebooks, mp3 player, tablets e smartphones já existiam todos antes da Apple lançá-los, mas Jobs tinha o dom de compreender como ninguém a essência da simplicidade do uso e aliá-la à beleza. Todos os produtos da Apple são belos, confortáveis de segurar, suaves ao toque, não apenas um elogio à estética, mas também respeito ao consumidor. Não importa se o produto será substituído por outro em breve, importa que a experiência que começa na visão, continua no toque e segue no uso. Nada de algo difícil de aprender a usar, até crianças ainda não alfabetizadas conseguem usar iPhones e iPads, ou seja, são produtos que transpõe a barreira da língua o que, em teoria é fácil, mas que na prática muitas vezes se mostra impossível. Jobs também era um gênio do marketing, levando este a um novo patamar, há fanatismo religioso entre os fãs da marca. E mais: Jobs não acreditava em seguir os concorrentes e ocupar todos os nichos, para ele seus produtos deveriam ser as metas de seus concorrentes.
Porém Jobs morreu prematuramente e como em toda empresa em que há sucessão há vácuo de poder e pelas últimas notícias sobre a Apple seu legado está sendo abandonado: fornecedores de peças já confirmam um iPhone com tela maior e um iPad menor. O tamanho dos produtos da Apple, pelo menos durante a gestão de Jobs, seguiam as chamadas proporções áureas descobertas por Fibonacci, era justamente por fidelidade a estas proporções que os aparelhos são belos e confortáveis de usar. Em 1997, quando Jobs retornou à Apple (após ter sido demitido em 1985) ele encontrou uma empresa à beira da falência com uma profusão quase infinita de produtos e sua primeira providência foi reduzi-los a apenas quatro. Agora, menos de um ano após sua morte, a empresa abandona as ideias não apenas de seu fundador, mas também de seu salvador. Não há mais um Jobs para vir resgatar a Apple desta vez e eu temo pelo destino da empresa que nos ensinou a gostar de produtos bonitos e fáceis de usar (e a pagar feliz preços salgados).