A propaganda eleitoral nesta última eleição ganhou toques 'non sense': com a lei cidade limpa, a justiça eleitoral autorizou duas das coisas mais estúpidas que se pode imaginar: os cavaletes no meio do passeio público e os telefonemas com gravações de políticos famosos.
Não é difícil imaginar que por trás da autorização deste tipo de propaganda haja, como sempre, interesses dos mais escusos, porém, causa espanto que a justiça eleitoral - aquele último bastião de defesa do mais básico direito da cidadania, o voto - tenha permitido justamente o que vai contra outros exercícios da cidadania. Ora, telefonemas indesejados com gravação ferem o direito do cidadão ao sossego, ainda mais que são feitos para a casa, o asilo inviolável do indivíduo. E quanto aos cavaletes? Atrapalhando o passeio público, ferindo o direito de ir-e-vir? O Brasil é um democracia nova, porém consolidada, mas falta amadurecer no respeito à cidadania e este não será possível se o exemplo não vier de cima.