Semanas atrás recebi um e-mail de um amigo que irá se internar para uma cirurgia seletiva, porém muito séria, cirurgia semelhante a que uma conhecida minha adia há anos. Eu pretendia responder seu e-mail, mas fui retardando o envio deste, para mim, necessário e-mail. E hoje ele veio, pelo msn, me comunicar sobre a cirurgia. Eu lhe disse que havia recebido o e-mail, que pretendia responder e vou. Mas há momentos que, por mais necessárias que nos sejam, as palavras nos faltam.
Em outros momentos, elas nos faltam por medo.
Marooned Without You
Why is my heart marooned without you
The sun goes down
My dreams begin their refrain
I call to whatever holds you
My beloved
I wait and I wait
Why is my heart marooned without you
A tiny light upon the sea
My heart is so afraid
You have broken away
Tell me, darling, I pray
You will come to me soon
Nunca acreditei em Murphy, mas ele existe e se algo pode dar errado, dará errado. E hoje ouvi de um membro da comissão que presido: "o ano que vem se me nomearem para esta comissão vou perguntar se não posso ficar de joelho no milho ao invés de trabalhar aqui."
Algo me diz que Ariel Sharon e outros líderes israelenses ainda sentirão falta de Arafat. Pode ser apenas impressão minha, mas creio que Arafat servia de freio para ações terroristas. Sem ele a coisa ficará feia, muito feia.
Marta passou a campanha construindo a imagem de pernóstica e arrogante e juntou-se a isto a de 'duas caras' no segundo turno ao aceitar o apoio de Maluf, seu, até então, eterno inimigo. E ele a apoiou única e exclusivamente porque este quer agradar o governo federal para ver amenizadas as investigações contra si e ela aceitou acreditando que Maluf seria capaz de transferir votos. E agora soma a todas estas 'qualidades' a imagem de má perdedora. Quem entra em uma eleição entra para ganhar ou perder, faz parte do jogo, só não perde, só fracassa quem não tenta. Ficar apontando culpados é muito feio. Os culpados estão andando pela rua. Eles são mais da metade do eleitorado.
Anteontem, na lavanderia aqui em casa, eu tive de segurar duas gatas para salvar a vida de uma rã xereta que, sabe lá como, entrou aqui em casa. Ontem, eu tive de colocar três gatas para fora de um banheiro por conta de uma lagartixa, para salvar a lagartixa e meus perfumes. E esta madrugada eu fui acordada com um estrondo de um vaso que um dos quatro quebrou por conta de um grilo. Animal planet é aqui.
Como eu já havia escrito a alguns dias atrás, Bush realmente está levando a Presidência dos EUA, embora minha simpatia fosse por Kerry [por seu partido, não pela pessoa dele]. E ganha, junto com Bush, as restrições aos direitos civis, ganha a extrema direita, ganha o conservadorismo religioso, ganha a política externa feita na base da força. E perdem todos.
O sistema eleitoral nos EUA é o mesmo desde que este se tornou um país livre. E, há mais de 200 anos, fazia sentido que, em um país de proporções continentais, a eleição fosse indireta. Porém isto não se justifica hoje em dia, mas se mantém na lógica de dois partidos que não querem ver ameaçada seu revezamento no poder.
Uma das coisas, entre as muitas, que não compreendo nos outros, é o medo de ir a cemitérios. Eu passeio em cemitérios como quem passeia na praça e até tiro fotos. Creio que só se explica este medo pelo temor da lembrança do final inevitável de todos nós, porque, pensa bem, mesmo que a pessoa acredite que espíritos e almas vaguem por aí, ninguém [ou quase ninguém] morre em cemitérios, as pessoas vão para lá depois de mortas, então faria muito mais sentido ter medo de hospitais, já que, pelo pouco que sei destas coisas, é mais provável que a alma penada fique assombrando o lugar onde morreu e não onde seu corpo foi levado. A primeira lembrança que tenho de um cemitério foi uma visita ao túmulo de meus bisavós em uma cidade do interior paulista onde viviam meus avós. Lembro de uma prima minha, pouco mais velha que eu, chorando de medo e de minha avó dizendo que não havia motivos. Muitos anos depois voltei a estes cemitério para o enterro de minha avó e lembrei desta cena de minha infância. Foi uma lembrança doce. Como ter medo de cemitérios com lembranças assim?
A grande marca das eleições municipais este ano foi a derrota dos poderosos e velhos coronéis da política no Brasil. Maluf, ACM, Sarney e vários outros tiveram seus candidatos derrotados. Estava na hora.
Fico imaginando como é o 'day after' de um candidato que perdeu uma eleição. Pois perder uma eleição é ser rejeitado, é como levar inúmeros pés na bunda ao mesmo tempo, não é como não passar no vestibular ou em um concurso. Nestes casos você culpa a você mesmo, por não ter estudado mais, por ter se arriscado em uma empreitada em que não teria chances, mas em uma eleição o candidato é rejeitado pelos eleitores. Pior ainda para quem não é reeleito, que vê seu governo ser reprovado, como uma criança que mostra um desenho para a professora e não ganha uma estrelinha ou um muito bom.
Porém, Marta não deve ficar brava com a população da cidade de São Paulo. Ela deve pensar que o povo gosta tanto delas que lhe deu férias para que curta um longa lua-de-mel.
Hoje é dia de adiantar o relógio em uma hora quando bater meia-noite. E quarta-feira é dia de perder a hora...
Declaro minha inveja de todos aqueles que vivem em cidades cujas as eleições municipais se resolveram no primeiro turno.
Será que a Marta ainda acredita na virada porque hoje é dia das bruxas?
No Brasil não se comemora o dia das bruxas, mas como vivemos em um mundo cada vez mais globalizado: happy halloween!
Ontem alguém me disse: você é um pára-raios de loucos. Quer saber? Acho que sou sim.