16 setembro, 2006

Este fim de semana o salão onde eu habitualmente fazia minhas unhas - acho que minha maior mulherzice é fazer unhas toda semana e ser incapaz de reconhecer minhas mãos com as unhas sem esmalte - fechará. Depois de 8 anos elas, uma cabeleira e duas manicures, não aguentaram os custos que estavam muito altos e resolveram baixar as portas pela última vez. Pode-se dizer que foi má gestão, incapacidade de atrair novos clientes e vender outros produtos e/ou serviços para os antigos, culpar o governo federal por nosso crescimento econômico inferior ao de todos os outros países emergentes; enfim, economistas, administradores e consultores saberão tecer teorias melhor do que eu. Porém fui eu ontem que senti aquela dorzinha do coração de viver algo pela última vez - sabe quando você sai de um emprego e volta lá assinar a papelada e sabe que está fazendo aquele caminho pela útima vez? Quando um namoro termina e você vai buscar suas coisas e olha para aquelas paredes sabendo que jamais as verá novamente? - foi isto que vivi ontem e também fiquei com pena delas. Oito anos é uma vida, toda vida do negócio delas. Elas, com seu pouco estudo e menos capital ainda, abraçaram o sonho do mundo capitalista do empregado se tornar patrão e este sonho terminou ontem. Duas delas vão trabalhar em um salão maior, uma continuará sua própria patroa e fará unhas como autônoma na casa das clientes. Esta fará minhas unhas semana que vem aqui em casa.

violinha at 10:59 AM | Comments (0)

Num dos mais longos papados da história, o papa pop João Paulo II esforçou-se para que a igreja católica se aproximasse do mundo muçulmano. E esta semana Chico Bento XVI jogou todo o esforço de seu antecessor no lixo. Já não bastasse toda a tensão que há entre o mundo ocidental e os extremistas muçulmanos desde os ataques em 11 de setembro - que concidentemente aniversariaram esta semana que passou - o papa resolveu colocar gasolina em coquetéis molotov.

violinha at 10:46 AM | Comments (0)
15 setembro, 2006

Deu na Folha que o Lula é mais votado por homens do que por mulheres. Segundo a pesquisa mulheres votariam menos no atual presidente porque ele não tem cara de galã. A prova cabal e científica que mulheres gostam mesmo de cafajestes, inclusive em cargos públicos.

violinha at 12:07 PM | Comments (1)

Semana passada aqui em São Paulo tivemos dias muitos gelados, inclusive a noite mais fria dos últimos 3 anos. Esta semana está um calor senegalês. Então a vantagem de morar em São Paulo é jamais sentir saudades de alguma estação de ano. Estamos acontecem todas no período de uma semana.

violinha at 12:00 PM | Comments (0)
14 setembro, 2006

Na pesca de peixes maiores - devo confessar que adoro pescar, abdiquei do gosto por respeito aos animais, por achar o 'esporte' extremamente injusto e sacana - você precisa deixar o peixe se cansar para tirá-lo d'água, peixes de poucos quilos são fortes e extremamente brigadores, afinal é sua vida que está em jogo. Então depois de fisgado o peixe, você solta a linha e deixa-o nadar solto, crendo-se livre, o peixe se afasta. O mesmo acontece com relacionamentos: a pessoa se crê livre, mas por pouco [ou em casos especiais, muito] tempo consegue-se ter um controle da vida da pessoa. Como o peixe, ela crê nadar livre nas águas, porém sem perceber, ainda carrega a linha que a mantém presa às mãos do pescador.

violinha at 06:26 PM | Comments (0)
13 setembro, 2006

Acabo de ver a foto do corpo do Coronel Ubiratan na TV, no local de crime. As pessoas merecem tratamento condigno mesmo depois de mortas. E mesmo que estas mortes sejam de interesse da imprensa.

violinha at 12:12 AM | Comments (1)
12 setembro, 2006

Com a velocidade em reportar notícias imposta pelo jornalismo online - que já era uma característica do rádio - ao jornalismo escrito resta o papel de uma leitura reflexiva, que faça o leitor ser capaz não apenas de se informar, mas de criar sua própria opinião a respeito do assunto, pois quando o jornalismo escrito tenta informar uma novidade o bonde da história já o atropelou, ainda mais quando o veículo em questão é uma revista semanal. Foi o que aconteceu com a Veja este fim de semana: a matéria de capa é sobre o YouTube, site para se postar vídeos que virou mania na internet, onde se encontra de tudo, desde vídeos caseiros até trechos de programas de TV onde o apresentador pagou um mico homérico [então nada mais de ouvir contar, você vai lá e vê o fora, como no caso do Fernando Vanucci que apresentou um programa falando mole depois da final da Copa da Alemanha]. Onde está o fora então? Acontece que o YouTube, líder absoluto até então, foi ultrapassado no último mês pelo Yahoo! Video e pelo Google Video, ou seja, quando a matéria da revista saiu, ele já era apenas o terceiro em popularidade, mais acertada seria uma cobertura sobre a crescente popularidade de sites de vídeo na internet.

violinha at 12:36 PM | Comments (1)
11 setembro, 2006

Amor para mim é, essencialmente, compartilhar. Compartilhar fatos do dia, compartilhar uma música, um poema, um filme, uma idéia, um sonho, um plano para o futuro. Sei que estou gostando de alguém quando tenho necessidade de compartilhar o que acontece comigo, as coisas que me emocionam, que me comovem, que me incomodam. O contrário também é verdadeiro: sei que já não me interesso por alguém quando não me importo mais de compartilhar as coisas da minha vida, muito antes que morra o desejo ou a vontade de estar junto, morre a vontade de partilhar os detalhes que dão sentido ao relacionamento.

violinha at 12:12 PM | Comments (1)
10 setembro, 2006

Eu fiz faculdade de direito e de história. Embora os cursos possam parecer sem nexo entre si, não são, tanto advogados como historiadores devem reconstruir uma história passada a partir de informações fragmentadas e subjetivas, quando não tendenciosas, que recebem de suas fontes. Por vezes creio que o ofício aprendido em ambas tomou conta de mim. Sempre que ouço uma história que me parece imprecisa, ela fica lá, no meu inconsciente, como um quebra-cabeças que precisa ser completado. Não o completo com uma ficção criada por mim, seria brincar de romancista, o que não é meu ofício, eu fico buscando segundas e terceiras intenções por detrás do que me foi dito, relembro as expressões do rosto, as inflexões de voz de quem me narrou a história de seu ponto de vista para tentar advinhar ali o que não foi dito e, então, de repente, as peças se encaixam e a história ganha nexo. Tento olhar por outros ângulos, julgar minha conclusão errada, mas aquela é a única forma como as peças se encaixam e, portanto, vos digo: as pessoas dizem muito, muito mesmo quando acham que estão dizendo pouco. Basta saber ouvir um pouco além das palavras ditas para ouvir também o que não foi dito claramente.

violinha at 10:45 AM | Comments (1)