Após o primeiro debate entre os candidatos do segundo turno só posso concluir que quem perdeu feio foi o povo brasileiro.
Simplesmente não houve discussão de propostas de governo ou de soluções para problemas brasileiros, tudo se resumiu a um ataques variados cujos temas aborto e privatização, estavam sempre nas entrelinhas.
Já que faltou lá, vou colocar aqui o que eu gostaria de ver discutido:
- violência: por que não uma reforma no código penal, que é de 1940, idealizado na década de 30, há crimes que precisam de penas mais longas e outros que simplesmente precisam deixar de ser crime. Apenas emendas ao Código Penal não funcionam, é preciso repensar o montante das penas. E por que não presídios privados para presos de baixa periculosidade onde eles trabalhassem?
- trânsito: o Brasil tem o trânsito que mais mata no mundo, é preciso repensar a concessão da licença para dirigir, o monitoramento de motoristas reincidentes.
- automóveis: não adianta só o governo facilitar a compra de carros novos, é preciso retirar carros velhos da rua, por que não um cheque-incentivo pra compra de um novo a quem entregasse a lata velha pra reciclagem? Geraria empregos, tiraria os carros velhos da rua, diminuiriam a poluição e os engarrafamentos causados por quebra de veículos.
- administração das regiões metropolitanas: nas metrópoles, invariavelmente formadas por vários municípios amontoados, é necessária uma forma de administração que levassem em conta as demandas da região como um todo e não segmentado, por prefeituras, como é hoje. Deveria haver uma figura eleita acima de prefeitos e abaixo do governador do estado, mas daí é necessário uma reforma política.
- reforma política: por que no Brasil não há voto distrital? As campanhas custariam menos, a população cobraria de forma mais fácil seus deputados. Para que ainda existem vices? É preciso repensar este modelo político.
- reforma tributária: um dos maiores gargalos do Brasil, ao lado da infra-estrutura, é o sistema tributário. Por aqui a mordida dos impostos é absurda. Não é o emprego, como dizem, que representa o custo-brasil, mas estes impostos escorchantes que minam a iniciativa privada e que tornam a indústria brasileira não competitiva.
- saúde: não sei quanto a outras pessoas, mas para mim é ofensivo que políticos de todo o Brasil venham se tratar em SP, em hospitais particulares caros, enquanto a população morre a mingua, sem tratamento decente, em filas ou ambulâncias, já que em muitos municípios a estrutura médica se resume a uma ambulância pra levar pra outra cidade. Não nego a conquista que é o SUS, os EUA só agora copiaram o modelo e com extrema resistência de parte da população, mas é preciso melhorar o modelo de saúde universal.
- educação: dos chamados BRICs (Brasil, Rússia, índia e China), os países em desenvolvimento com grande crescimento econômico, somos aquele com o pior nível de educação. Está na hora de manter nossas crianças nas escolas, de ensiná-las de verdade. Está na hora de abandonar este medonho sistema escolar voltado apenas para que se passe no vestibular. Está mais do que na hora de abandonarmos a vergonhosa marca de 75% de analfabetos e analfabetos-funcionais.
- questão indígena: a sensação que se tem é que no Brasil não existem índios, eles não estão nas notícias, não fazem parte de programas de TV, estamos diante de um verdadeiro genocídio das nações indígenas. E estamos todos silentes.
- meio ambiente: o Brasil tem o pré-sal, ótimo, mas será que vamos apostar apenas em combustível fóssil nas próximas décadas? Continuar dependendo do humor dos usineiros para compor o preço do álcool? Não está na hora das empresas brasileiras se responsabilizarem pelo recolhimento de seus produtos quando eles quebram ou se tornam obsoletos? Não está mais do que na hora de se discutir desenvolvimento sustentável?
Em suma, estas são as questões, ou algumas delas, que eu gostaria de ver debatidas. Porque, francamente, a sensação que tive, foi de que eles não vão para o debate munidos de programas de governo, mas de dossiês.